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quarta-feira, 31 de março de 2010

A princesa e o sapo.












Fiquei decepcionado com o filme. Sou um grande fã das animações daDisney, colecionador inclusive. De saber as músicas de cor e tudo o mais. O estúdio de animação 2D chegou a ser fechado, na verdade. Ao assumir todo o departamente de animação da Disney, John Lasseter(da Pixar), decidiu reabrí-lo. E a Disney começou a trabalhar em algo há muito tempo reclamado: um filme com uma princesa negra, já que todas as anteriores são brancas.

A última animação em 2D da Disney havia sido Nem Que a Vaca Tussa, de 2004. Se formos considerar o último sucesso de público com uma animação tradicional, vamos para Lilo & Stitch, de 2002. Mas se for para analisar quando foi a última vez que a Disney lançou um clássico animado que faça juz a alcunha, teria que ser 1999, comTarzan. Ou seja, há uma década aguardamos o retorno do estúdio do Mickey às produções que sempre encantaram platéias, geração após geração e que de alguma maneira parecia haver perdido seu toque de magia nos últimos anos. E é óbvio que A Princesa e o Sapo gerou toda essa expectativa.

Poderia ser o caso de uma expectativa muito grande que não foi correspondida, mas tenho que dizer que não foi o caso. O filme não é ruim, mas é fraco. Creio que se quisessem retornar em grande estilo e mostrar que a animação em 2D continua viva nos Estados Unidos (porque no Japão, continua) eles deveriam ter trabalhado muito melhor o material que tinham em mãos. Pra começo de conversa a direção de arte do filme é decepcionantemente fraca. Pouquíssimo inspirada. Quero dizer, os cenários são muito simples e desinteressantes em sua paleta de cores. Os grandes clássicos Disney (e A Princesa e o Sapo foi vendido como um retorno a eles) são muito marcantes nesse aspecto. Aqui eles deixam muito a desejar. Em certos momentos do filme pensei que a animação era tão simples e básica quanto ao de A Nova Onda do Imperador. O problema é que na produção de 2000 isso se justificava já que a força da produção estava em seu ótimo e hilário roteiro, duas qualidades que o roteiro de A Princesa e o Sapo não ostenta.

Afinal de contas, esse é um clássico conto de fadas. E outro problema surge aí.

Spoiler nesse parágrafo. Pule para o próximo se não quiser saber.
O título original da produção era "A Princesa Sapo". Por culpa do bobo politicamente correto, o título teve que ser mudado para "A Princesa e o Sapo". Porém o título original é muito mais correto e coerente. Afinal de contas, durante a maior parte da projeção a protagonista Tiana está transformada em sapo. Oras, esse não era pra ser um filme de uma princesa? Grande decepção...

A maior parte da narrativa transcorre numa das locações mais inférteis para produção de cenários: um pântano. Isso leva grande parte da culpa pela falta de inspiração do design de produção. Creio que o filme deveria ter vindo em grande estilo, com visuais deslumbrantes que mostrassem toda a beleza única da animação 2D. E outra característica marcante dos clássicos animados de maior sucesso da Disney também não é bem executada aqui: as canções.

Nada marcante. Tanto na melodia, letras e coreografia. Muito fraco. O responsável pela trilha é Randy Newman, compositor da trilha de Toy Story e de todos os primeiros filmes da Pixar. Certamente entrou na produção por influência de John Lasseter, mas devo dizer que foi uma má escolha. Suas composições para a Pixar são muito boas, inclusive as canções de Toy Story. Mas há uma grande diferença entre trilhas comuns e musicais. A tradição da Disney costumava trazer compositores que trabalham na Broadway, o que sempre rendeu grandes momentos. Se era para voltar com tudo, deviam ter seguido esses passos. Newman compôs músicas e melodias desinteressantes, que dificilmente ficarão marcadas em nossas memórias.

Fechando a trilha de pecados, vem o vilão, figura sempre fundamental para o sucesso de uma animação tradicional Disney. E o Dr. Facilier está muito longe de ser memorável. Sua principal falha é não ter uma motivação clara. Dinheiro? Oras, muito abstrato. Conquistar Nova Orleans? Também não fica claro para que e nem investem muito nisso. E o Bê-a-Bá da construção de um personagem diz que é preciso haver uma motivação.

Os protagonistas são simpáticos, mas a história não os ajuda. Assim como os coadjuvantes cômicos. O maior destaque é a personagem Charlotte, que apesar de ser chatíssima tem um coração de ouro. Em muitas produções ela viraria fácil mais uma vilã e fiquei feliz por não terem optado por esse caminho óbvio.

É com um grande aperto no peito que escrevo essa resenha, já que torcia muito para que o filme fosse ótimo e para que fizesse grande sucesso de público, o que infelizmente não ocorreu. Uma pena, já que isso deve fazer a Disney desistir de vez dos filmes em 2D (sua próxima princesa, Rapunzel, virá em animação 3D).

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